Vivemos num mundo hoje onde a tentativa de poupar nossos filhos das frustrações é cada vez maior. Não percebemos, no entanto, que essas atitudes acabam por estragar nossos pequenos e fazer com que cada um deles torne-se despreparado e incapaz de lidar com os problemas e obstáculos futuros que a vida nos coloca. John Robbins, autor norte –americano de vários livros, escreveu uma matéria sobre os pontos que levam com que nossas crianças sejam estragadas desde a infância. Entre esses pontos podemos citar:
1. Excesso de consumo, que vem sendo confundido com excesso de amor, excesso de carinho. O que esse excesso significa na verdade é uma tentativa errônea de suprir a ausência paterna e/ou materna por um bem de consumo, sejam presentes, sejam atividades físicas e culturais em excesso.
2. Competição entre pai e mãe: cada vez mais comum em nossa sociedade a necessidade da vida profissional faz com que haja uma grande ausência em casa. As crianças passam a ser criadas por babás e escolas. Na tentativa de sanar essa ausência os pais começam a competir entre si na oferta de “presentes”, deixando de lado a educação e o controle sobre as mesmas.
3. Fast-food: a correria do dia a dia faz com que os pais prefiram as comidas rápidas e práticas. Dessa maneira, o alimento saudável passa a ser algo escasso nas mesas e os fast-foods entram com toda força. A consequência disso são crianças cada dia mais obesas, mimadas e preguiçosas, incapazes de preparar alimentos saudáveis.
4. Falta ou excesso de atividades físicas: a correria do dia a dia faz com que os pais deixem seus filhos aos cuidados de terceiros, como babás, escolinhas, escolas de esportes. Na ausência, os resultados são crianças com baixa percepção corporal e noção espacial, ausência de ritmo, descoordenadas, sem equilíbrio. E esses resultados interferem diretamente na aprendizagem escolar, fato esse que os pais não compreendem ou não querem enxergar. Com o excesso das atividades, criamos pequenos executivos que deixam de ser crianças e dependem o tempo todo de uma atividade monitorada e explicada. Perde-se a imaginação e a pureza infantil.
5. Insegurança dos pais: os pais já não sabem dizer não, e quando o fazem, recebem como resposta choros, gritos e birras. A geração de pais atuais é a geração que ouviu muito não e agora possuí dificuldade em dizer esse não, bem como em impor limites.
E o que fazer? É preciso que os pais de hoje assumam a responsabilidade de serem pais. Que tenham tempo de qualidade para explicar, ensinar, conversar, rir, brincar, passear com seus filhos. Dizer não é fundamental. Aceitar que a criança se frustre faz parte de um crescimento saudável e inteligente. Deixar que a criança assuma as rédeas de sua própria educação é fazer com que ela cresça sem valores e totalmente carente de um sentido em sua própria vida. A vida nos chama sempre e cabe a nós, como pais, auxiliar nossos pequenos a encontrar o melhor caminho para sua realização total como ser humano.
Maria Helena Castro
Psicomotricista
Prof. Educação Física